A Umbanda vivencia o Evangelho de Jesus em sua essência através da manifestação do amor e da caridade prestada pela orientação dos Guias, Mentores e Protetores que recebem a irradiação dos Orixás. Em Nossa Fraternidade de Umbanda as entidades trabalham com humildade, de forma serena, caritativa, gratuita e respeitando sempre o livre arbítrio; espíritos bondosos que não fazem distinção de raça, cor ou religião, e acolhem todos que buscam amparo e auxílio espiritual, conforto para dores, aflições e desequilíbrios das mais variadas ordens.


Só nos sentiremos seguros, tranquilos e em paz se estivermos com Jesus, nos lembrando de seus ensinamentos e principalmente colocando-os em prática na nossa vida, no nosso dia a dia. Cristo nos ensinou o que é o amor vivenciado em sua plenitude, demonstrando o amor incondicional. Ainda somos espíritos imperfeitos e estamos longe de praticarmos o amor e a caridade como nosso Divino Mestre, porém, Ele nos deixou um guia para seguirmos, ou seja, deixou-nos o Evangelho com seus princípios de moral e amor. Enquanto não aprendermos a praticar os ensinamentos do Cristo haverá muita dor e sofrimento. O que nos impede de seguirmos verdadeiramente os exemplos de Jesus é o orgulho que ainda impera muitas vezes disfarçado. Sejamos humildes, buscando auxiliar, trazendo esperança àqueles que padecem de dores maiores do que as nossas. E mais: lembremo-nos de que todo aquele que busca aliviar a dor do próximo, na verdade está aliviando as próprias dores. Todo bem que fizermos ao próximo é a nós mesmos que estamos fazendo. Assim, vivamos com Jesus em nossas vidas e só teremos motivos para alegria e paz em nossos corações. Salve Umbanda de Jesus Cristo!


Irmãos da FUJC

terça-feira, 18 de agosto de 2015

A Inatividade Mediúnica Perturba a Saúde do Médium?


PERGUNTA: - Qual a principal razão de que a inatividade mediúnica perturba a saúde do médium?

RAMATÍS: - O médium de prova é um espírito que antes de descer à carne recebe um "impulso" de aceleração perispiritual mais violento do que o metabolismo do homem comum, a fim de se tornar o intermediário entre os "vivos" e os "mortos". Assim como certos indivíduos, cuja glândula tireóide funciona em ritmo mais apressado - e por isso vivem todos os fenômenos psíquicos emotivos de sua existência de modo antecipado - o médium é criatura cuja hipersensibilidade oriunda da dinâmica acelerada do seu perispírito o faz sentir, com antecedência, os acontecimentos que os demais homens recepcionam de modo natural.

Compreende-se, então, o motivo por que o desenvolvimento disciplinado mediúnico e o serviço caritativo ao próximo, pela doação constante de fluidos do perispírito, proporciona certo alívio psíquico ao médium e o harmoniza com o meio onde habita. Algo semelhante a um acumulador vivo, ele sobrecarrega-se de energias do mundo oculto e depois necessita descarregá-las num labor metódico e ativo, que o ajude a manter sua estabilidade psicofísica. A descarga da energia excessiva e acumulada pela estagnação do trabalho mediúnico, fluindo para outro pólo, não só melhora a receptividade psíquica como ainda eleva a graduação vibratória do ser.

O fluido magnético acumulado pela inatividade no serviço mediúnico transforma-se em tóxico pesando na vestimenta perispiritual e causando a desarmonia no metabolismo neuro-orgânico. O sistema nervoso, como principal agente ou elo de conexão da fenomenologia mediúnica para o mundo físico, superexcita-se pela contínua interferência do perispírito hipersensibilizado pelos técnicos do Espaço, e deixa o médium tenso e aguçado na recepção dos mínimos fenômenos da vida oculta. Deste modo, o trabalho, ou intercâmbio mediúnico, significa para o médium o recurso que o ajuda a manter sua harmonia psicofísica pela renovação constante do magnetismo do perispírito, à semelhança do que acontece com a água estagnada da cisterna, que se torna mais potável quanto mais a renovam pelo uso. Na doação benfeitora de fluidos ao próximo, o médium se afina e sensibiliza para se tornar a estação receptora de energias de melhor qualidade em descenso do plano Superior Espiritual.


Fonte: Mediunidade de Cura – Por Ramatis 

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Jesus


Jesus, o Educador de Almas
        A mensagem cristã foi apequenada, podada, enxertada por aqueles que dela se apossaram, ao construírem uma religião atemorizadora e salvacionista, com base em atitudes místicas.

A Humanidade começou, com o advento do Espiritismo, a conhecer com mais amplitude e profundidade o que significou, para o mundo, a vinda de Jesus, o Mestre mais perfeito que a Terra conheceu, aquele que baseou seus ensinamentos na pedagogia do exemplo. Não há um só ensinamento dele que tenha ficado sem o seu testemunho pessoal. Jesus foi simples e minucioso no que ensinou verbalmente e farto na exemplificação. Por isso é que se deve tomá-lo como o Mestre e Guia a ser seguido, e não como um simples intermediador entre o homem e Deus, que teria selado uma pretensa aliança com o Criador, através do oferecimento do seu sacrifício para a salvação da Humanidade, conforme interpretações equivocadas de teólogos.

O próprio conceito de religião foi modificado a partir dos seus ensinamentos. Com Jesus, aprende-se que religião não é algo mágico a ser levado a efeito no interior dos templos. Não mais aquela idéia de que religião é prática mística, contemplativa, ritualística, cheia de oferendas e fórmulas repetitivas vivenciadas no interior das assim chamadas “Casas de Deus”. Religião, conforme seus ensinamentos e, principalmente seus exemplos, passou a ser, para aquele que lhe entendeu as lições, um novo modo de viver, de se relacionar com o próximo, em todos os ambientes, em todos os momentos. Ensinando que Deus está presente em todo o universo, alargou os limites dos templos, conceituando universo como um templo imenso: “Na casa de meu Pai há muitas moradas” (Jo, 14: 2).

Jesus não foi um Mestre de gestos largos, de atitudes místicas e contemplativas, que vivesse confinado em ambiente religioso, ou em local distante, isolado do convívio diário, longe da vida prática. Pelo contrário, o Mestre sempre conviveu com as pessoas, e, para prevenir qualquer interpretação equivocada, deixou ensinamento lapidar, registrado por dois evangelistas: “Eis que vos envio como ovelhas no meio de lobos (...).” (Mt, 10: 16) e “Ide; eis que vos mando como cordeiros ao meio de lobos. (Lucas, 10: 3). Nem era um profissional religioso: vivia como simples carpinteiro, que causava espanto a alguns, diante do que falava e fazia: “... donde lhe vêm estas coisas? E que sabedoria é esta que lhe foi dada? E como se fazem tais maravilhas por suas mãos? Não é este o carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, e de José, e de Judas, e de Simão? e não estão conosco aqui suas irmãs? E escandalizavam-se nele.” (Mc, 6: 2 e 3).

Jesus foi um educador de almas, que sempre enfatizou a necessidade do empenho da criatura no sentido de educar-se, de progredir, conforme ensinou no Sermão do Monte:   “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens (...).” (Mt, 5: 16). Toda a mensagem religiosa do Mestre fundamenta-se no esforço da criatura no sentido de revelar essa herança divina que todos trazemos. Nada de graças, além da graça da vida. Nada de privilégios: “(...) e então dará a cada um segundo as suas obras.” (Mt, 16: 27).

Trouxe uma nova dimensão ao entendimento humano, através de uma mensagem que é um verdadeiro desafio, no sentido de seus discípulos transcenderem os limites da lei antiga, que preconizava “olho por olho, dente por dente”: “(...) se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus.” (Mt, 5: 20). “Ouvistes o que foi dito: amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; (...).” (Mt, 5: 42 e 43).

A fé raciocinada, ensinada pelo Espiritismo, começou com Jesus.

Jesus não desejou discípulos passivos, encantados, deslumbrados. Pelo contrário, sempre buscou tocar o sentimento, juntamente com o apelo para que a criatura raciocinasse, a fim de saber, de compreender porque deveria agir desse ou daquele modo. O Sermão do Monte, que para muitos é apenas um hino ao sentimento, é, também, uma forte mensagem à inteligência, ao raciocínio: “E qual dentre vós é o homem que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra? E, pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente? Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus dará bens aos que lhos pedirem?” (Mt, 7: 9 a 11).

Jesus levou o entendimento, a compreensão, o uso do raciocínio, ao campo da fé. A fé ensinada por Jesus transcende os limites da emoção, do sentimento, por associar-se a um componente essencial: a razão. Inquestionavelmente, a fé raciocinada, ensinada pelo Espiritismo, começou com Jesus. Kardec, como profundo conhecedor dos Evangelhos – livre dos prejuízos causados pelos sucessivos exegetas, ao longo dos tempos – soube ver a objetividade e a racionalidade dos ensinamentos do Mestre. Soube ver que Suas lições têm sempre dois direcionamentos: ao sentimento e à razão: “Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?” (Mt, 6: 26). Ao ensinar a criatura a não criar fantasias sobre a fé, mostra a linha divisória entre aquilo que deve ser objeto da preocupação do homem, e o que deve ser entregue a Deus, perguntando: “E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?” (Mt, 6: 27). Esse o motivo de se ler na folha de rosto de “O Evangelho segundo o Espiritismo”: “Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.”

A educação religiosa que Jesus propicia ao homem leva-o a conscientizar-se de que não será através de orações repetidas que estaremos agradando a Deus: “E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos.” (Mt, 6: 7). Nem através de oferendas ou bajulações: “Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem e apresenta a tua oferta.” (Mt, 5: 23 e 24).

No Seu trabalho educativo do Espírito humano, Jesus mostrou a importância do bom relacionamento com o próximo como caminho para Deus, conforme bem entendeu o Apóstolo João, que registrou: “Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?” (I Jo, 4: 20).

Significativo é o diálogo entre o doutor da lei e Jesus, conforme relatado no Evangelho de Lucas (10: 25 a 37): “Mestre, que farei para herdar a vida eterna?” Ali se vê um homem, conhecedor profundo das leis religiosas, a ponto de citá-las de cor, logo que inquirido por Jesus:  “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.” (Deu, 6:5 e Lev. 19: 18). Efetivamente, os judeus sabiam de cor esses dois mandamentos maiores. Entretanto, quando Jesus lhe disse: “Faze isso e viverás”, aquele homem não compreendeu, porque para ele não havia conexão entre o preceito religioso, que lhe enfeitava o campo intelectual, com a vida prática, a ponto de perguntar: “Quem é o meu próximo?” Para aquele homem “próximo” era uma palavra mágica, sagrada, usada nos momentos religiosos, no templo, sem nenhum significado real na chamada vida profana. Daí o seu espanto. Estranhou que Jesus lhe recomendasse a aplicação do preceito religioso à vida comum. Sabendo da distância que havia entre os preceitos religiosos e a vida em sociedade, é que o Mestre contou-lhe a Parábola do Bom Samaritano, mostrando que o aquele homem – desprezado pelos judeus – fez sua oferenda a Deus, não diante de um altar, mas através do mais legítimo representante de Deus: o próximo!  


Bibliografia:
A Bíblia Sagrada - Trad. João Ferreira d’ Almeida - Ed. Sociedade Bíblica Britannica e Estrangeira – 1937.
Por José Passini
  


O Mestre jamais convidou alguém a Orar num Templo

Ele próprio deu-se como exemplo no serviço a Deus na pessoa do próximo. Curava sempre, impondo as mãos sobre os doentes, embora não precisasse fazê-lo para curar (vide cura do servo do centurião: Mt, 8: 5 a 13), mas o fez para ensinar, recomendando que se fizesse o mesmo: “... e porão as mãos sobre os enfermos e os curarão.” (Mc, 16: 18). Deixou bem claro, também, a gratuidade da prática religiosa: “... de graça recebestes, de graça dai.” (Mt, 10:8).

Vê-se, assim, que Jesus trouxe à Terra uma mensagem religiosa sem precedentes. Simples, sem ser superficial; profunda, sem ser complicada. Uma concepção religiosa libertadora não agrada àqueles que desejam exercer o poder religioso. Estes procuram conservar a religião como algo mágico, místico, extático, complexo a ponto de a ela só terem acesso os doutos e os sábios, pessoas pretensamente especiais, que estariam mais habilitadas a intermediarem as mensagens das criaturas ao Criador.

Jesus concedeu uma verdadeira carta de alforria à Humanidade, em relação à intermediação sacerdotal, ao informar a criatura humana de que ela tem o direito legítimo e inalienável de se comunicar com seu Criador, diretamente, em qualquer lugar onde se encontre, dando como exemplo o lugar onde se dorme: “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento, e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em oculto; e teu Pai, que vê secretamente, te recompensará.” (Mt, 6: 6). Ao se meditar sobre esse ensinamento, percebe-se quanto sua mensagem foi deturpada pelos teólogos, que ensinam terem certas pessoas determinadas prerrogativas de serem ouvidas por Deus, como se fossem advogados a levarem agradecimentos ou a reivindicarem determinadas benesses, numa prática desenvolvida em meio a rituais completamente estranhos aos ensinamentos e aos exemplos de Jesus, com a agravante de serem remunerados.

Jesus libertou a criatura humana também da necessidade do comparecimento ao templo, a fim de ali encontrar-se com Deus. O Mestre jamais convidou alguém a orar num templo. Pelo contrário, quando a Samaritana manifestou-se no sentido de adorar a Deus no Templo de Jerusalém, o Mestre desautorizou tal atitude, dizendo-lhe: "Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Deus é espírito e importa que os que O adoram O adorem em espírito e em verdade." (Jo, 4: 21 e 24). Para Jesus não havia santuários, lugares especiais. Seus ensinamentos, suas curas, suas orações sempre foram levados a efeito onde quer que ele se encontrasse.

Ele foi crucificado exatamente pela coragem de contrapor-se ao poderio sacerdotal, àquela verdadeira ditadura religiosa. Infelizmente, com o passar dos tempos, o eixo da mensagem cristã foi-se desviando, saindo da área do estudo, da meditação e do serviço à luz da oração consciente, passando às práticas exteriores.

O Mestre veio trazer a certeza de que Deus é Pai, é Amor.

Essas verdades religiosas simples, que estiveram ao alcance de humildes pescadores, de viúvas e de deserdados, foram, com o passar do tempo, relegadas a segundo plano, tendo sido postos em primeiro lugar o ritual, a solenidade, o manuseio de objetos de culto, a vela, o vinho, a fumaça, os cantochãos, as roupas especiais e todo um conjunto imenso de práticas exteriores alienantes, buscadas no judaísmo e no paganismo romano, que distanciavam o homem cada vez mais do esforço de auto-aprimoramento preconizado por Jesus.

Os pronunciamentos libertadores de Jesus não foram objeto de estudo pelos teólogos, que criaram as liturgias, os sacramentos, e, pior ainda, a hedionda teoria das penas eternas, desfazendo a imagem do Deus Misericordioso, tão bem delineada pelo Mestre.

A mensagem cristã foi apequenada, podada, enxertada por aqueles que dela se apossaram, ao construírem uma religião atemorizadora e salvacionista, com base em atitudes místicas e na crença de que seria o sangue de Jesus o remissor dos pecados da Humanidade. Foi enfatizada a adoração extática a Jesus-morto, em detrimento do esforço em seguir Jesus-vivo.

O Mestre veio trazer a certeza de que Deus é Pai, é Amor, é Misericórdia, contrapondo-O à figura apresentada no Velho Testamento, que mostrava o Criador como alguém iracundo, vingativo, capaz de ter preferências por determinados povos e abominação por outros. Infelizmente, o Pai Misericordioso, tantas vezes demonstrado por Jesus, foi negado pelos teólogos, ao criarem o Inferno de penas eternas. Em verdade, Jesus falou de sofrimento após a morte, mas nunca com a possibilidade de ser eterno. Pelo contrário, disse: “Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil.” (Mt, 5: 23) Mas, o Mestre, conhecedor da fragilidade humana, sabia que, de alguma forma, isso iria acontecer, por isso, prometeu o Consolador: “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.” (Jo, 14: 26)

Cumprindo sua promessa, enviou-nos o Espiritismo, que não é apenas mais uma religião cristã, mas o próprio Cristianismo Primitivo, que ressurge na sua pureza, pujança e objetividade originais, destacando-se das demais religiões, pelo menos das do Ocidente, pelo seu aspecto altamente educativo.


Bibliografia:
A Bíblia Sagrada - Trad. João Ferreira d’ Almeida - Ed. Sociedade Bíblica Britannica e Estrangeira – 1937.

Por José Passini
  


Quem era Esse Homem?
Quem era Esse Homem? Desceu das estrelas e aninhou-Se no seio de uma jovem mulher, a fim de vir à luz.

Teve por pai um carpinteiro e com ele aprendeu o ofício, embora Suas mãos já tivessem amoldado substâncias celestes, formando o próprio planeta em que veio habitar.

Habituado à harmonia celeste, deixou que o vento cantasse melodias em Sua cabeleira e que as areias lhe fustigassem a face.

Amou Sua mãe com devoção. Logo iniciado Seu messianato, retornou ao lar para vê-la e a acompanhou às bodas a que fora convidada.

Obedeceu-lhe ao pedido e ofertou aos convivas o líquido especial para os despertar para a realidade.

Em agonia, recordou de a entregar aos cuidados de um jovem idealista, preocupando-Se com o que lhe poderia suceder, após a Sua partida.

Quem era Esse Homem? Andou por estradas poeirentas, campos cultivados, às margens de um lago, lecionando o amor.

Viveu em uma época de desmandos, de corrupção dos costumes, de licenciosidades.

No entanto, manteve-Se íntegro, embora movimentando-Se entre pessoas consideradas de má conduta.

Estendeu Suas bênçãos aos pobres deserdados da sorte tanto quanto aos detentores de poder econômico e certa supremacia social, a uns e outros ofertando das Suas luzes.

Líder de um grupo que elegeu para assumir a preciosa missão de dar continuidade à Sua proposta, os incentivou a que deixassem fluir as suas qualidades interiores.

Vós sois deuses! – Afirmou. E podeis fazer tudo o que faço e muito mais.

Ensinou que todos os homens são herdeiros do Universo infinito, imensurável. Todos filhos do mesmo Pai, embora vivendo sob tetos diversos, em terras distantes uns dos outros e falando línguas estranhas.

Quem era Esse Homem a quem os Espíritos obedeciam e se rendiam? Senhor dos Espíritos – O chamavam.

Quem era Esse Homem que fazia cessar as dores, devolvia movimentos a corpos paralisados, a vista aos cegos e a palavra aos mudos?

Quem era Esse Homem que, em menos de três anos, revolucionou o mundo do pensamento sem nada ter escrito?

Que reuniu ao seu redor, nada menos de cinco centenas de trabalhadores para darem continuidade ao Seu legado?

Que, ao partir, deixou semeadura tão grande que até hoje, transcorridos mais de dois mil anos, ainda não se esgotou?

Quem era Esse Homem, tão grande que não coube na História, dividindo-a entre antes e depois dEle?

Diziam que Ele era o filho de um carpinteiro de nome José e de uma mulher chamada Maria.

Nascido em Belém, viveu exilado no Egito. Depois, cresceu em Nazaré e morreu na capital religiosa da época, Jerusalém, terra dos profetas.

Quem era Esse Homem?


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Um dia, um raio de luz deixou a amplidão dos céus e veio viver entre os homens.

Mais brilhante que o sol, escondeu Seu brilho nos trajos de simples carpinteiro.

Ele era luz. Veio para as sombras e as sombras tentaram empanar-Lhe o brilho.

Destruíram a ânfora onde se aninhava a luz. Então, liberta, ela brilhou ainda mais intensamente e, até hoje, enche o infinito das nossas necessidades.

Seu nome é... Jesus.

Redação do Momento Espírita.

 
Jesus e sua Trajetória de Luz na Terra
Era o governo do imperador Caio Julio César Otavio Augusto. A Palestina estava num período de luz. As pessoas pareciam encantadas. O clima era de alegria, Augusto governaria do ano 63 a.C até o ano 14 d.C.

Reencarnaram poetas, pintores, musicistas para preparar o solo árido e grosseiro do planeta para a chegada do Messias.

Inicia-se o governo de Tibério César. Roma domina o mundo. A águia romana tem todo o poder temporal. O povo judeu sofria as injunções perturbadoras do império romano.

Ele chegara como se fosse um raio de sol para iluminar a paisagem lúgubre do planeta.

A sua beleza irradiava uma energia de amor e luz, a sua presença facultava ao mundo a oportunidade de redenção, onde todos poderiam ser beneficiados com sua presença.

A história de Jesus é a mais bela história que a Terra conheceu. Um Espírito puro, que aceitou das mãos da Providencia Divina a missão de construir e governar um planeta em formação e nele lecionar as mais belas lições jamais vistas.

Assim, sejamos fortes e corajosos para desbravar os mares bravios das nossas imperfeições da alma, no sentido de alcançar a tão sonhada iluminação.

Com Jesus começa a transformação moral do planeta: a Terra e o Céu unem-se para uma nova jornada de luz, amor, paz e felicidade, com os ensinamentos daquele que se doou em amor para conduzir ao reino do Pai todos aqueles que estão na retaguarda necessitando de iluminação.


Por Oswaldo Coutinho



Ele Nasceu 
Ele nasceu. O seu berço singelo anunciava a lição da simplicidade. A manjedoura fora o local escolhido por Ele, para iniciar a trajetória mais intrigante que se teria notícia percorrendo os séculos porvindouros.

O Seu coração refletiu luzes que iluminou toda a humanidade. A natureza Lhe reverenciou festiva; o esplendor da sua presença neste orbe pôde ser percebido nas longínquas regiões do sistema solar, de onde coros de anjos entoavam cânticos em sua homenagem, pelo sacrifício de deixar as regiões celestes e encarnar em um mundo de dor e sofrimento; afinal, Ele veio ter com aqueles a quem escolhera conduzir ao Pai, e desejou ensinar a lição em nome de Deus, com a própria vida.

Mesmo sabendo que não seria compreendido, aceitou espalhar sementes nos corações ressequidos de alguns, indiferentes de outros e férteis de muitos. Sem demonstrar qualquer superioridade; sem firmar ostentação, Ele, o Rei Supremo, o soberano maior deste mundo, apresentou-se na doce ternura dos braços dos seus pais, Maria e José, iniciando a maior história de amor que o mundo viria conhecer, para perpetuar o Seu ensinamento nas almas de boa vontade.

A mensagem que Jesus ensinou é a do amor universal. Ele não separou o homem por religião, cor, nacionalidade ou outra classificação que seja. Amou a todos indistintamente. Sem sofismas ou teses filosóficas incompreensíveis ensinou lições inesquecíveis como: “perdoar setenta vezes sete vezes”, este é o segredo da felicidade neste mundo de ilusões, pois que, quem não guarda o fel do ressentimento no coração vive em paz; “vá e não peques mais”, anunciando que sempre se pode recomeçar, propondo-se não mais errar, corrigindo a conduta e o sentimento; “ama o teu semelhante como a ti mesmo”, sem qualquer engano de interpretação a lei mais perfeita que já se tem conhecimento em todos os ensinamentos encontrados na humanidade, que será o código que regerá a sociedade do futuro onde não mais encontraremos distonias ou injustiças, porque o homem, aplicando-a será incapaz de fazer mal o seu semelhante, amando-o.

Ele nasceu, e o nosso coração necessita sintonizar com a Sua presença, somente assim entenderemos que o que nos falta, que o que nos angustia, que o que nos limita, que o que nos escraviza, é a falta Dele em nossos corações.

Nós ansiamos por encontrar-te na face sempre presente dos nossos irmãos.

SALVE O MESTRE JESUS CRISTO! BENDITO E LOUVADO SEJA!       


        Por Adelvair David

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

O Diabo Existe? - Um Estudo Sobre esse Assunto

As respostas bíblicas para esta pergunta são ambíguas e vagas. Isto porque alguns defendem que a Bíblia não deve ser lida literalmente, o que dá margem a inúmeras interpretações. Mas geralmente os cristãos (bíblicos) acreditam piamente na existência de uma entidade que encerra em si a essência da maldade. Sem perguntar como é possível que um ser criado santo e puro pudesse se tornar algo completamente perverso e egoísta, saem por aí proclamando causas externas a coisas que são da responsabilidade dos humanos.

Comecemos nossa análise pela Bíblia. É fato que o nome de Satã - e seus supostos heterônimos - são mencionados na Bíblia. A maioria das pessoas esclarecidas atribui isso a uma espécie de mal interior, o que me parece bem mais coerente. Outros dizem arbitrariamente que se trata de um ser real, existente em si mesmo e independente de nós. É interessante notar que as menções ao Diabo, Satanás, Demônio, são abundantes no Novo Testamento, mas não no Antigo. O tal anjo caído é citado claramente primeiro no livro de Jô. Além deste livro, aparece também no livro de Crônicas e no livro de Zacarias. Uma vaga aparição é aquela da serpente do livro de Gênesis e outra no livro de Isaías. Existem referências a Satã em alguns textos apócrifos Hebreus, como no livro dos Jubileus (entre 135 a.C a 105 a.C) e no Testamento dos Doze patriarcas (entre 109 a.C e 106 a.C) e na literatura apocalíptica judaica.

Os cristãos se atiram numa batalha ferrenha contra Satã, mas não os antigos hebreus. A luta dos antigos hebreus inicialmente era contra os ídolos, não contra os demônios. E para os hebreus os ídolos eram apenas estátuas e a adoração a eles era proibida simplesmente porque desagradava a Deus. Ao que parece os hebreus não tinham uma noção de mal absoluto antes da era de Jó. E por que será? Perguntaria um espírito crítico. No tempo de Jó os hebreus estavam cativos na Babilônia e provavelmente tiveram contato com outras culturas, como a persa, absorvendo da idéia de Ahriman, o “mal intencionado”, o deus do mal de Zaratustra, como sendo o culpado do mal que eles estavam sofrendo. Mas diferentemente do que é para os cristãos o Deus dos hebreus não era um deus todo bondoso. Ele era a causa de todas as coisas, tanto boas como ruins. Em Isaías está escrito: “eu crio a luz e a escuridão. E faço tanto o bem como o mal. Eu, o Senhor, faço todas estas coisas” ( Is; 45.7). Assim, para os hebreus, o demônio era como um empregado de Deus. Além do mais, a palavra Satanás não é um substantivo próprio. Para os antigos hebreus, o tal adversário era uma espécie de promotor com a função de acusar os réus no dia do julgamento ou testar a fé dos humanos. Mas aqui ele não tem liberdade pra fazer o que bem quer, ele só faz o que Deus ordena. Também o é o vocábulo grego “Diabolos”, donde surge “Diabo” que é a maneira da qual Satã é chamado no Novo Testamento. Esta palavra significa “acusador”, ou seja, promotor. Existem partes muito interessantes na Bíblia que provam isto e que geralmente é negligenciada pelos crentes. Existem claras referências a um “espírito mal da parte de Deus” (Jz 9.25, 1Sm 16.14, 18.10 e 19.9). Qual é o deus bondoso que mandaria espíritos malignos atormentar seus filhos?

No caso da serpente do Gênesis, é provável que Moisés, o suposto autor do Pentateuco, sequer conhecesse a lenda de Satã. Muito menos Abraão, o patriarca do povo judeu. Se Satanás é mesmo um ser real, porque Deus esconderia esta verdade dos seus servos mais amados? É curioso que o relato da queda dos anjos deveria ser dito no primeiro livro, mas somente no Apocalipse de São João, o último livro da Bíblia é que se conta, supostamente, a queda dos anjos. E é somente neste livro que se diz que a serpente do Gênesis é o mesmo Satã. Inspirações divinas à parte, porque parece que somente as pessoas do tempo do apóstolo João sabiam de tal coisa? É provável que o relato do Gênesis seja simplesmente uma fábula, já que serpente em hebraico diz-se "nahash", que é sinônimo de "astúcia". Assim sendo pode ser que o que Moisés queria dizer é que a astúcia dentro do homem é quem disse para eles desobedecerem a Deus. Tudo não passa de uma sábia alegoria. Os antigos judeus não acreditavam em um mal em pessoa.

E quanto ao Novo Testamento? Os apóstolos de Jesus dão muita ênfase ao Diabo, até mais que a Deus. No tempo de Jesus existiam muitos dos já citados textos apocalípticos. Nestes textos dava-se muita importância aos demônios, mas eram apenas histórias populares e literárias. No entanto a elite judaica assimilou muitas das crenças populares presentes nos textos apocalípticos e incorporaram à religião, mas logo abandonou estas crenças, povo novamente Satã como um ser abstrato, a despeito do cristianismo, que continuou batendo nessa mesma tecla por milênios. Mas ao que parece, para os cristãos primitivos o Diabo também era um ser abstrato, inclusive no apocalipse de São João e na passagem da tentação de Cristo. Para Paulo de Tarso, não deveríamos confiar em anjo algum, sendo que o Cristo já tinha vindo para ser o mediador entre os homens e Deus, ou seja, os anjos eram totalmente inúteis. Talvez ele conhecesse a lenda de Satã, mas não lhe dava muita importância e nem fazia distinções entre anjos bons e maus. Somente depois que os apóstolos morreram é que os cristãos demonizaram os deuses pagãos Asmodeu, Astaroth, Baal, Baal-Berith, Dagon, Moloch entre outros, que para os hebreus eram apenas estátuas. Até o deus Poseidon dos gregos foi demonizado e seu tridente, um mero instrumento de pesca, se tornou um símbolo do Mal e os deuses pagãos foram mostrados como demônios ou o próprio Satã tentando usurpar para si os louvores que eram de Deus "por direito".

Para alguém que se baseia na razão para explicar a realidade fica claro que a idéia de demônios foi absorvida pelo contato com outras culturas. Em nenhum momento, além do livro de Jó, fala-se claramente de um "mal em pessoa" e só uma menção ao Diabo em toda a Bíblia não é bastante para validar sua existência. "Em nenhum momento não!", diria um crente. "E o Apocalipse?". O trunfo dos cristãos é o texto escrito por São João onde se fala muito sobre um tal "dragão", duas bestas e um Anti-Cristo, que são identificados como sendo o próprio Belzebu. Conta também um relato sobre umas estrelas que foram jogadas na terra, que os cristãos dizem ser uma evidência da batalha no céu. Neste texto Satã é desmascarado, suas origens e ambições são mostradas e ele é identificado com a antiga serpente do Gênesis. E agora? Como duvidar da existência de Satã diante de "provas" tão convincentes? Será mesmo? É interessante que o trunfo dos cristãos se torne meu golpe de misericórdia no Diabo como é compreendido hoje.

O que nos diz o Apocalipse?

“E viu-se um sinal no céu: uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça. E estava grávida e com dores de parto e gritava com ânsia de dar à luz.

E viu-se outro sinal no céu, e eis que era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres e, sobre as cabeças, sete diademas.

E sua calda levou após si a terça parte das estrelas do céu e lançou-as sobre a terra; e o dragão parou diante da mulher que havia de dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe devorasse o filho.

E deu a luz um filho, um varão que há de reger todas as nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono.

E a mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus para que ali fosse alimentada durante mil duzentos e sessenta dias.

E houve batalha no céu: Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão; e o dragão batalhava com seus anjos, mas não prevaleceram; nem mais o seu lugar se achou no céu” (Apocalipse 12.1-8).

Este trecho causa arrepio nos cristãos e torna-se a prova definitiva da existência de Satã e da queda dos anjos, porém eu nunca vi uma interpretação mais irrisória em toda minha vida sobre um texto tão profundo como este. Convém lembrar aos esquecidos que o Apocalipse é um texto esotérico, não no sentido atual, que geralmente remete a feitiçaria e misticismo, mas no sentido que era para os gregos. Esotérico vem de uma palavra quase homônima do grego, que quer dizer "ensinamento reservado aos discípulos de uma escola, que não podia ser comunicado a estranhos" (ABBAGNANO). Era, portanto, dirigido aos cristãos e, por isso, comunicado numa linguagem que os romanos não entendessem. Tentar interpretá-lo de maneira tão simplória é no mínimo uma sandice.

Joguemos luz, então, sobre o que diz realmente o Apocalipse. É preciso ensinar estes cristãos a ler, para que não saiam por aí dizendo coisas que não foram ditas na Bíblia, "pondo palavras na boca de Deus". Note que o texto fala de um "varão", que "há de reger todas as nações com vara de ferro". Quem seria este varão senão o próprio Jesus? Bem, isso nem eu o nego. Note também que há um "dragão", que os crentes insistem em dizer que é Satã, o mal encarnado. O texto fala que o dragão persegue uma mulher para impedir o varão de nascer e depois houve uma batalha no céu. Alguém notou algo estranho? A tal batalha aconteceu depois que Jesus nasceu e depois até que ele morreu ("o seu filho foi arrebatado para Deus"). Se antes de Jesus nascer e morrer Satã ainda não tinha sido expulso do paraíso, quem foi o anjo caído que tentou Adão e Eva? Como Satã pôde ter feito isso se a ainda não era um anjo rebelde e ainda não tinha lutado contra Deus e seus anjos?

O texto parece contraditório, mas não o é. Está em contradição apenas com o que foi nos ensinado, com coisas que não foram ditas na Bíblia. Foi-nos ensinado que Satã foi expulso do céu antes da criação do mundo, mas em lugar algum da Bíblia diz isso, mas diz o contrário, que foi bem depois. Foi-nos ensinado que o Diabo flagela pessoas no inferno, mas na seqüência o texto diz que o dragão foi lançado na terra (Ap 12.9). Foi-nos ensinado que Satã é um ser real, mas este texto não diz isso.

O que nos diz o apóstolo São João? Primeiramente o apóstolo nos fala em "céu" e "terra". Mas o céu e a terra são o mesmo lugar, pois se referem a estados de espírito. Céu é um lugar de pureza, de beatitude, excelência, onde vivem aqueles que obedecem aos mandamentos de Deus. Distantes da terra, que é um lugar de pecado, egoísmo, perdição, mundo sensível da matéria, enfim, é o que chamamos de "mundano". Mas a Bíblia afirma que ninguém está isento do pecado, por conta da desobediência dos nossos primeiros ancestrais, nem mesmo os santos. O Dragão é o símbolo do pecado, mas não um ser que existe independente de nós. Ele estava tanto no "céu" como na "terra", e por estar mesmo entre os mais santos conseguiu arrastá-los para o mundo do pecado ("sua calda arrastou após si a terça parte das estrelas do céu -os santos-e lançou-as sobre a terra"). Note que as estrelas a que João se refere não são anjos, caso contrário o apóstolo iria entrar em contradição ao dizer que os anjos foram expulsos, depois da batalha, para a terra, pois, afinal, como os anjos poderiam ser jogados na terra se eles já estavam na terra antes da batalha?

Depois o livro diz que "Miguel e seus anjos batalhavam contra o Dragão". Miguel, ou Mikael para os íntimos, significa "o que é igual a Deus" em hebraico. E quem seria igual a Deus senão o próprio Jesus, o Cristo? Provavelmente os Testemunhas de Jeová estavam certo ao afirmarem que Miguel é o próprio filho de Deus. Depois de vencer o Dragão, Jesus, ou melhor, Miguel o expulsou do céu. Isto quer dizer que aquele que aceitasse Jesus como seu salvador agora estava em um céu onde não existia pecado, sendo que o Dragão foi expulso do coração dos santos e hoje vive somente na terra, entre os pecadores mundanos. Ao morrer Jesus venceu o pecado, na forma do Dragão, juntamente com seus seguidores (anjos): "eles o venceram pelo sangue do cordeiro", ou seja, Jesus já estava morto quando venceu o Dragão.

Existe ainda o enigma da mulher. Quem disse que se tratava de Maria deve estar um pouco arraigado nos credos católicos. A mulher tinha uma "coroa de doze estrelas", o que simboliza as doze tribos de Israel. Jesus, o dito Messias, veio do seio do povo Judeu, simbolizado pela mulher. Depois de expulso o Dragão perseguiu a mulher (Ap 12.13). Não conseguindo pegá-la perseguiu os filhos dela (Ap 12.17), ou seja, os cristãos.

O Apocalipse nos de Satã e que ele foi expulso pelo "sangue do cordeiro". Não há nenhum anjo rebelde aqui, é apenas o pecado no homem. Ele já existia antes de Jesus vir ao mundo e é a "antiga serpente, o diabo e Satanás". Era o egoísmo recôndito no coração do homem, que somente muito tempo depois é que foi expulso do convívio daqueles que guardam os mandamentos de Deus.

E quanto à tentação do deserto? Não foi Jesus, o Cristo tentado por um Mal real? Provavelmente se tratava de um mal interno como os outros demonstrados aqui. "Mas como?"- Perguntaria um crente-"se Jesus, o filho de Deus não tinha nenhum mal interior para que pudesse tentá-lo? Somente um mal exterior poderia fazer isto." Não é bem assim. A Bíblia às vezes mostra-se contraditória e surpreendente. Veja o que diz Lucas 18; 18,19:

"E perguntou-lhe um certo príncipe, dizendo: Bom Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna? Jesus lhe disse: Por que me chamas bom? Ninguém há bom, senão um, que é Deus."

Aqui Jesus confessa claramente que ele também tem maldade dentro de si. Sendo assim, pode ser que fosse mesmo o mal interior de Jesus que o tentava no deserto. Sem contar que esta passagem é um plágio descarado da tentação de Buda. Conta a lenda que, sentado sob a árvore Bo, Gautama Sakyamuni, o Buda, estava prestes a atingir o Nirvana quando foi tentado pelo deus Kama-Mara (Desejo, ou Amor e Morte), para que se desligasse de sua busca. Muitos identificam este deus com um demônio. Também Jesus foi chamado ao deserto como uma forma de peregrinação espiritual. Não me parece que exista apenas coincidência nestas duas histórias.

Outra parte que é citada pelos cristãos é no livro de Isaías. No capítulo 14, versículo 12 ao 15 diz:

12. Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha alva do dia? Como foste cortada por terra, tu que debilitavas as nações?

13. E tu trazias no teu coração: eu subirei ao céu, por cima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, na banda dos lados do norte.

14. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo.

15. E contudo derribados serás no inferno, ao mais profundo do abismo.

Eis o trecho que suscitou incontáveis disparates.  Aqui são mostrados os motivos que levaram Satã a se rebelar contra Deus: a vontade de receber seus louvores e ser maior que o Altíssimo. Santo Agostinho traçou o desenho do Satã ocidental baseado nesse trecho. Milton, no seu “Paraíso Perdido” trata-o com mais detalhes. Ambos foram cruciais para formar o retrato do Mal encarnado. Mas o que existe aqui não é apenas um erro de tradução, mas de interpretação. O trecho em questão fala de Nabucodonosor, rei da Babilônia, como ele mesmo diz no versículo 4: “então, proferirás este dito contra o rei da Babilônia e dirás:...” Infelizmente essa parte é negligenciada, intencionalmente ou não, pelos que defendem o capítulo 14 de Isaías como uma revelação sobre Satã. A parte que diz “estrela da manhã” é uma metáfora com o planeta Vênus, como era conhecido por ser a última estrela – como os antigos pensavam que era – a desaparecer quando nasce o dia. Os romanos chamavam o planeta Vênus de Lúcifer (lux fero) e na tradução para o latim preferiram colocar o nome do planeta/estrela, ficando “Como caíste do céu, ó Lúcifer”. Por conta da proliferação da lenda de Satã, este trecho foi visto como uma revelação sobre os anjos caídos e sobre o nome real de Satã: Lúcifer. Talvez o fato de quase toda a população européia durante a Idade Média ter sido analfabeta tenha contribuído para a cristalização de tamanha falta de bom senso, e a dificuldade das pessoas do nosso tempo em interpretar textos tenha feito o mito perpetuar.

Também essa história de rebelião não tem nenhuma novidade. É comum nas religiões antigas essas lendas que relatam inimigos que tentam usurpar o trono dos deuses. No masdeísmo, Ahura Mazda e seus imortais sagrados, uma espécie de anjos, viva em eterno conflito com seu antípoda, Ariman e sua horda de demônios. Na Índia havia a disputa dos Assurs, espíritos do mal que queriam tomar o lugar dos Devas. Na mitologia nórdica quem ameaçava os deuses eram os gigantes e na grega, os deuses viviam ameaçados pelos poderosos titãs, forças do caos e da destruição. Assim sendo, o cristianismo apenas adaptou mitos amplamente conhecidos para explicar a natureza do mal.

Na Idade Média esta idéia distorcida a respeito do mal se proliferou. Pintado nos vitrais das igrejas e na imaginação do povo Satã se cristalizou. Inspirações divinas à parte, são interessante perguntar por que os primeiros hebreus não conheciam um perigo desta dimensão? Por que Deus só o avisou a nós, sortudos cristãos? É evidente que o Diabo é apenas uma criação dos hebreus por contato como outras culturas. Depois de tanto ser temido ganhou vida, corpo, chifres e as feições do inofensivo deus grego Pã. A palavra Diabo vem do grego "diabolos", que quer dizer "caluniador”, “acusador”. A palavra demônio também vem de uma palavra grega, "daimóm", que quer dizer simplesmente "espírito". Até onde sei-corrijan-me se eu estiver errado-sequer existe uma palavra hebráica para designar uma generalidade de entidades maléficas, vulgarmente "demônios", ou seja, eles não existiam para os hebreus. Existe sim a palavra hebraica Shatan, donde deriva o nome Satanás, que significa "obstáculo", "opositor", "contraventor", ou simplesmente "inimigo" mesmo. Mas além de não servir para outros seres, esta palavra quase não aparece no Antigo Testamento.

Partiremos agora para o lado mais filosófico da coisa. Os epicuristas perguntavam aos estóicos o seguinte dilema: “Por que Deus não destrói o Mal? Deus não destrói o mal ou porque ele não pode, ou porque não quer. Se ele quer, mas não pode então é impotente, e isto um deus não pode ser; se pode, mas não quer é cruel, e isto também um deus não pode ser; se não pode e não quer então é impotente e cruel; se pode e quer, o que é a única resposta satisfatória para esta pergunta, então por que Deus não o destrói?” Tomás de Aquino afirmou que o mal não tem uma existência real, que é sem substância, como a escuridão e a cegueira. Estes são apenas uma privação da luz ou da visão. De que é feia a escuridão? De nada, absolutamente. Também o mal é da mesma natureza, é apenas uma negação da bondade, uma ausência de bem. O filósofo alemão Leibniz seguiu o pensamento de Tomás de Aquino.

Sendo assim, se existe mesmo o tal Satã, ele foi criado por Deus e este não poderia produzir um efeito mal, pois tudo que dele provém é bom em si mesmo. Satã só poderia se tornar O Mal se separado totalmente de Deus e do bem. Mas mesmo que tudo que ele fizesse fosse destituído de bondade, ele ainda seria bom, pois foi criado por um Deus todo-bondoso. Admitir que Satã tem uma parcela de bondade é uma heresia em religião, mas totalmente plausível se fôssemos nos basear pela razão. Sendo assim, não pode existir um mal absoluto. Mas mesmo que o tal anjo caído tivesse se distanciado completamente de Deus isso não melhoraria a situação do Altíssimo. Este, sendo onisciente, saberia desde toda a eternidade o que aconteceria se criasse Satã, saberia que ele iria se distanciar Dele e que iria se emprenhar em afastar a humanidade do criador – com êxito, ao que parece. Desta forma, como poderia Deus permitir estas coisas? De fato, ele não poderia interferir no livre-arbítrio dos anjos, mas poderia não criá-lo se soubesse o tamanho da catástrofe que isso iria causar. Também não há como mudar o que aconteceu, pois o que aconteceu já era conhecido por Deus desde a eternidade. Isso não condiz com a existência de um Deus absolutamente inteligente, poderoso e bom. Se existe Satã é porque Deus quis que ele existisse, Deus quis que ele tentasse Adão e Eva no Paraíso, Deus quis que ele desviasse seus filhos do caminho da retidão, pois poderia ter evitado tudo isso e não o fez.

Guaita ilustra melhor este pensamento no seu livro “O Templo de Satã". Ele nos joga o seguinte dilema: "Espantamo-nos que os teólogos agnósticos, que favorece tão lúgubre inépcia, mostrem-se infelizes e indignados se um amigo de lógica inflexível encosta-o à parede e lança à queima-roupa o capitoso dilema: Deus, o senhor diz, é todo-poderoso, onisciente, infinitamente misericordioso e bom. Diz por outro lado que a grande maioria dos homens está votada ao inferno... é preciso ser coerente mesmo em teologia. Então Deus quis o mal e o inferno. É em vão que se objeta a inviolabilidade do livre-arbítrio, pois o mau uso feito pelo homem se não foi previsto por Deus, sua onisciência falhou; se foi previsto e não pôde ser impedido, nego seu todo-poder; se previu e podendo evitar não o fez, contesto sua toda - bondade."

Mesmo que a Bíblia afirmasse a categoricamente a existência de Satã – o que ela não faz, uma análise dos nos mostraria que isso é impossível. Não há como um ser que foi criado bom e puro se tornar totalmente seu oposto. Se o mal não é uma coisa real e Satã é puramente mal, então ele não existe. Mas se o mal é uma coisa real, quem o criou? O Deus todo-bondoso judaico-cristão? Embora trechos da Bíblia afirmem que sim, como em Isaías 45, 7, isso parece ser contra o senso-comum daquilo que chamamos cristianismo. Melhor seria ignorar este trecho e dizer que o mal foi criado pelo anjo caído. Mas se ele tivesse criado o mal, ele seria um Criador, assim como Deus, sendo assim elevado à categoria de um deus. O Demônio, Diabo e Satanás nada mais é que uma historinha criada pela igreja para manipular as pessoas pelo medo, para melhor manipulá-las ou para que elas pudessem melhor exercer seus deveres éticos por simples medo do castigo, mas, como bem disse Bertrand Russel, “uma virtude que tem suas raízes no medo não é muito digna de ser admirada”.

REFERÊNCIAS:

REVISTA SUPER INTERESSNTE; Edição 174; março de 2002; editora Abril.

SUSSOL, Max; O Catolicismo é Um Plágio?; Coleção Revelações.
GUAITA, Stanislas de; O Templo de Satã; Editora Três; Biblioteca Planeta.

ABAGNANO, Nicola; Dicionário de Filosofia; Martins Fontes.

BÍBLIA SAGRADA-EDIÇÃO PASTORAL.

TRADUÇÃO DO NOVO MUNDO DAS SAGRADAS ESCRITURAS.

BÍBLIA SAGRADA-NOVA TRADUÇÃO NA LINGUAGEM DE HOJE.

BÍBLIA SABRADA; Sociedade bíblica do Brasil.

BLOOM, Harold; Presságios do Milênio.


VOLTAIRE; Deus e os Homens.

Umbanda é Fundamentada no Evangelho de Jesus Cristo


A UMBANDA E O EVANGELHO DE JESUS

A Umbanda vivencia o Evangelho de Jesus em sua essência através da manifestação do amor e da caridade prestada pela orientação dos guias e protetores que recebem a irradiação dos Orixás. Encontramos no terreiro da verdadeira Umbanda entidades que trabalham com humildade, de forma serena, caritativa e gratuita; espíritos bondosos que não fazem distinção de raça, cor ou religião, e acolhem todos que buscam amparo e auxílio espiritual, conforto para dores, aflições e desequilíbrios das mais variadas ordens.

A Umbanda convida o homem a se transformar. Assim sendo, o consulente recebe esclarecimento sobre sua real condição de espírito imortal, ou seja, é levado a entender que é o único responsável pelas próprias escolhas, e que deve procurar progredir na escala evolutiva da vida, superando a si mesmo. Mas para transformar- se é preciso estar pronto para compreender as energias que serão manipuladas, porque elas trabalham com o ritmo interno. Ouvir a intuição é, portanto, ouvir a si próprio; é saber utilizar os recursos necessários que estão disponíveis para efetuar a mudança do estado de consciência.

Por isso, transformar significa reverter o apego em desapego, as faltas em fartura, a ingratidão e o ressentimento em perdão.. É não revidar o mal, mas sempre praticar o bem.

Dar sem esperar reconhecimento ou gratidão. A beleza da vida está justamente na “individualidade” , no ser único, criado por Deus para amar. E este ser único está ligado à coletividade pelos laços do coração e da evolução, a fim de aprender a compartilhar, respeitar, educar e ser feliz.

Somos o somatório dos nossos atos de ontem: por ter cometido inúmeros excessos, estamos conhecendo a escassez, ou melhor, sempre atuamos à margem, não conseguindo nos equilibrar no caminho reto, pois o processo de evolução é lento, não dá saltos, respeita o livre arbítrio, o grau de consciência e o merecimento de cada um.

A Umbanda pratica o Jesus consolador, e, silenciosamente, vai evangelizando pelo Brasil afora, levando Suas máximas: “A água mais límpida é a que corre no centro do rio, pois as margens sempre contêm impurezas”. “Não vos inquieteis pelo dia de amanhã, porque o amanhã cuidará de si mesmo”, pois Ele nos envia o Seu amor incondicional, que não impõe condições, porque não julga, não cobra, apenas Se doa e espera pelo nosso despertar para as verdades espirituais, para o homem de bem que existe dentro de cada um de nós.

Quando Jesus se aproximou de João Batista, que, com os joelhos encobertos pela água do Rio Jordão, mais uma vez falava do Messias, ao olharem-se um ao outro, uma força poderosa instalou-se sobre todos os circunstantes. Jesus então aproximou-Se de João Batista, e este ajoelhou-se aos pés do cordeiro de Cristo. Mansamente Ele o levantou e agachou-Se sinalizando para que João O batizasse. Nesse instante único, vibraram intensamente sobre Jesus, no centro do seu chacra coronário, o Cristo Cósmico e todos os Orixás. Foi preciso que o Messias fosse “iniciado” por um mestre do amor na Terra, para que se completasse Sua união com o Pai, e ambos fossem um. Esse é um dos quadros históricos mais expressivos e simbólicos que avalizam os amacis na Umbanda.

Texto extraído do livro “Umbanda Pé no Chão – Um guia de estudos orientados pelo espírito Ramatís (Editora Conhecimento)